“E vamos considerar como podemos estimular uns aos outros em direção ao amor e às boas ações, não desistindo de nos ajuntar, como alguns têm o hábito de fazer, mas encorajando uns aos outros – e ainda mais conforme você vê o Dia se aproximando.”
Hebreus 10: 24-25
“Não deixemo-nos de aquilombar como é costume de alguns.”
Hebreus 10.25ª
O que eram os Quilombos? Quilombos é o nome dado aos locais de refúgio dos escravizados fugidos de engenhos e fazendas durante o período colonial e nesses locais passavam a viver em liberdade criando novas relações sociais, muitos quilombos existiram no Brasil e centenas deles ainda existem formando o que hoje é chamado de comunidade quilombola.
O tema do ano quer nos convidar a uma reflexão sobre a experiência dos Quilombos e uma imersão em um dos nossos principais valores: Comunidade – espaço potente, lugar da manifestação da presença de Jesus (Mateus 18.20), lugar de aprendizado e afeto.
Este tema quer nos inspirar a cumprir a missão da ICM Brasil: “Promover a oportunidade de conexão das pessoas com Deus, com as outras pessoas e consigo mesmas, a partir de uma espiritualidade libertadora em sintonia com a diversidade que nelas habita, e do espírito comunitário fortalecido pela luta coletiva por justiça social, no âmbito das Igrejas da Comunidade Metropolitana do Brasil. ”
A experiência da vida comunitária deve nos levar para além do isolamento egoísta de vidas privadas e além dos contatos sociais superficiais que chamamos de “comunhão”. O ideal de comunidade nos desafia, em vez disso, a nos comprometermos com a vida comunitária como povo de Deus.
Viver em comunidade é um grande desafio que exige maturidade e sabemos bem que isso leva tempo. É um processo que se revela de diversas formas nas escrituras: amem-se, perdoem-se, considerem-nas mais do que a si mesmas. Ensinem e orientem uns aos outros, encorajem uns aos outros, orem uns pelos outros e carreguem os fardos uns dos outros. Seja amigo um do outro, gentil, compassivo e generoso na hospitalidade. Sirvam uns aos outros e submetam-se uns aos outros por reverência a Cristo. Essa lista apenas toca a superfície, mas é o suficiente para nos lembrar que precisamos da comunidade de fé para crescer.
A comunidade é o lugar de nossa conversão contínua. Seu objetivo é que, individualmente e comunitariamente, nos tornemos mais maduras/os.
Os obstáculos podem ser maiores dependendo de alguns fatores, por exemplo, para pessoas “bem-nascidas”, de classe média alta, classistas, machistas e racistas, a vida comunitária pode ser insuportável. Do alto dos seus privilégios, não são obrigadas a conviver com pessoas de classe social “inferior”. Isso me faz pensar que comunidade é coisa de gente pobre, coisa de classe trabalhadora. O Quilombo é lugar de gente fugida do sistema de opressão, não dos que se beneficiam dele, é lugar de empoderamento, cura e libertação.
A dororidade nos irmana, nos coloca no lugar comunitário. É na comunidade que aprendemos tecnologias de resistência. Assim como nossos ancestrais, resistiremos com arte, bom humor, canto, dança, espiritualidade, sangue e suor, dor e delicia. Aquilombai-vos!
Rev.Christiano Valério
Coordenador Geral da Igrejas da Comunidade Metropolitana do Brasil.